segunda-feira, 14 de abril de 2008

08/01/2007

Eu sempre gostei de escrever e hoje me senti a vontade para relatar pensamentos, sentimentos ou qualquer outra coisa. Gosto de conversar com as linhas, o lápis é obediente e eles absorvem tudo que eu queira dizer.

Bom, este foi o caderno, com linhas, que encontrei no meio a desordem do meu quarto, a princípio pensei em adiar, como fiz em outras tantas vezes, a ação de escrever, hoje, por causa do caderno que eu, não sei por quê, queria que fosse novo, capa preta, folhas grandes e com muitas folhas, ah! As linhas têm que ser azuis e com um espaço entre uma e outra, não sei a medida, mas que seja perfeito e fique gostoso de escrever, eu sempre cismei com as linhas. Estranho! Agora que me dei conta que desde criança só alguns cadernos eu gostava e sentia prazer em escrever e caprichar, era por causadas linhas, malditas linhas!

Por que as folhas de todos os cadernos do mundo não são padrão? Mas e se padronizassem e as linhas azuis com o espaço perfeito deixasse de existir?

Não, não! Eu preciso medir o espaço e saber definir o tom do azul, assim eu vou sempre ter cadernos para eu conversar! Talvez seja mais fácil eu descobrir a marca certa do caderno que eu sempre gostei, enfim, como eu estava relatando há algumas linhas antes, hoje eu comecei a escrever e não comecei antes porque eu sei me manipular, sou bastante preguiçosa, mas o que importa é que eu consegui e prometo levar meu amigo caderno na minha bolsa, sempre que lembrar.

Eu queria levar o dicionário junto também, será que eu posso? Gosto bastante dele, vou buscá-lo.

Está em mãos, eu tenho uma palavra para buscar, mas esqueci! Sempre me acontece isso, fico repetindo várias vezes na mente para não esquecer e buscar o significado e quando chega na hora, esqueço! Bom, eu sei que a palavra começa com a letra C, vou olhar todas as palavras até achar.

Achei! Não teve graça! Estava logo no começo, começa com CA, logo achei. Queria saber, como é definido carcinoma: tumor malígno. Não gosto dessa palavra, assusta e da vontade de esquecer ela, na verdade verdadeira eu não tenho vontade de esquecer, pois adoro saber o significado das palavras, o que quis dizer do carcinoma é que não aceitei a definição, é palavra para definir algo mais amedrontador, não que tumor malígno não seja, aliás, tremo as pernas e me arrepia, mas ler ou falar tumor malígno é mais aceito, por mim, pelo menos.

Hoje eu descobri que minha mãe tem carcinoma, faz três anos que sei que ela tem câncer, tumor malígno, mas não sabia do carcinoma, agora sei, talvez por isso não tenha gostado. Afinal eu estava acostumada com o sinônimo e não com carcinoma, pois quando ouvi pensei em algo pior, mas não existe nada pior que o câncer, então porque não gostei?

Para me convencer vou achar que me assustei com o carcinoma por que pensei que fosse algo grave imbutido no tumor malígno que é grave e então eu me aterrorizei, que bom que já está tudo explicado e eu estou preparada para conviver com o carcinoma, não o tumor, mas a palavra. Eu gosto de deixar tudo bem explicado.

Eu preciso me habituar a escrever mais, muito mais, porque meu pulso e braço já estão doendo e eu não gosto de me esforçar para nada, gosto de ter prazer em tudo.

trigueiro: que tem a cor do trigo maduro, moreno.

Nenhum comentário: